sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A CRÍTICA MARIA JOÃO MACHADO ANALISA FLORBELA ESPANCA



Tudo cai! Tudo tomba! Derrocada

Pavorosa! Não sei onde era dantes

Meu solar, meu palácio, meus mirantes!

Não sei de nada, Deus, não sei de nada!

Passa em tropel febril cavalgada

Das paixões e loucuras triunfantes!

Rasgam-se as sedas, quebram-se os diamantes!

Não tenho nada,Deus, não tenho nada!

Pesadelos de Insónia ébrios de anseio.

Loucura a esboçar-se, a anoitecer

Cada vez mais as trevas do meio seio!

Ó pavoroso mal de ser sozinha!

Ó pavoroso e atroz mal de trazer

Tantas almas a rir dentro da minha!...

A presença da mulher questionando o existencial em uma poema onde a reiteração reforça a imagem desejada. A tristeza surge na solidão emaranhando-se com as trevas.Um recolhimento onde o Deus surge apenas como um chamamento, porém o sofrimento mostra um destino doloroso.